Nos Andes equatorianos, as comunidades do povo Kayambi atuam há várias décadas na
preservação dos páramos, ecossistemas únicos específicos da região andina e fundamentais
pelo seu papel no abastecimento de água. A criação do comitê de Páramo Ñukanchik Urku,
no cantão de Cayambe, em 1995, fortaleceu a sua luta, em um contexto de crescente
disputa pelo acesso à água por empresas privadas.
Para proteger a comunidade contra os incêndios e as práticas ou os ingressos ilegais no
território, os Urku Kamas (equivalentes a “guardas florestais”) voluntários efetuam
rondas semanais de fiscalização. A mobilização do comitê também chamou a atenção e
recebeu o apoio do meio acadêmico, com pesquisadoras da Universidades Internacional do
Equador (UIDE) e San Francisco de Quito (USFQ) lançando um projeto de pesquisa-ação
sobre o compartilhamento e a conservação dos recursos hídricos na região.
Em um país cuja
constituição já reconhece o papel das organizações de base na conservação dos recursos
hídricos, o Comitê espera ver sua luta recompensada com a disponibilização de recursos e
de instrumentos jurídicos mais consistentes para continuar protegendo o Páramo de
Ñukanchik Urku.