A presença dessas comunidades é, no entanto, um elemento-chave para a proteção dos
recursos naturais locais, já que não apenas exercem um papel de fiscalização, como
estabeleceram modos de produção e consumo que lhes permitem viver em harmonia com a
natureza ao seu redor.
Na Bolívia, um dos países latino-americanos mais prejudicados pelo desmatamento, as
autoridades locais da região do Alto Beni entenderam a importância do papel dessas
populações e a necessidade de incluí-las na proteção e no manejo dos ecossistemas
florestais. Negociações levadas a cabo ao longo de 2022, sob os auspícios da ONG
Conservação Internacional, culminaram na promulgação de um decreto municipal ratificando
a criação de uma unidade de conservação com cerca de 40.000 hectares nessa região
amazônica, de alto valor ecológico.
Ainda aguardando certificações nacionais e internacionais, o decreto estabelece uma
distinção entre dois tipos de unidades: “parques naturais ” e “ áreas naturais de manejo
integrado”. Presente na Constituição boliviana, esse mecanismo oferece a vantagem de
valorizar a
participação ativa dos povos indígenas na conservação dos recursos naturais,
desenvolvendo em paralelo atividades econômicas e produtivas sustentáveis.